Recostado em um banco de cebo
Remoendo alguma saudade de outrora
Revendo os tempos de agora
Recriei uma saudade ingrata
A uma dor que me mata
Pito com respeito e bem devagar
A amarrar a folha do palheiro
Ponho a prova meus sentimentos
Frente aos adventos
Do sagrado fogo de chão
A uma cuia com chimarrão
Contei minhas magoas e desatinos
Como outro taura malino
De revesgueio me esbarro
E amarro meus sentimentos
Em qualquer tento de palha
Avista-me da parede de costaneiras
A dias já esquecido
Meu velho violão partido
Bem ao meio por seu alambrado
Quantas lembranças desalmadas
A um velho taura sulino
Das tardes em vespertino
Que amadureceram com o tempo
Rompe o anoitecer no pago
E permaneço solito no galpão
A escuridão que me ronda
Não invade este sagrado chão
A lenha não se acaba
Quanto maior o clarão
Mais meu coração se aquecia
A entrar uma noite fria
A lembrança de uma guria
Pra um pachola redentor
Tem a sina de cuida dor
E a saudade como companheira
Cuido por uma vida um fogo
Que sempre me aquecera
Que aqui sempre estará
Cuidando deste pago
Falta no peito o afago
Da prenda que não esqueci
Acha que já a perdi
Por algum atalho tomado
Ficando eu, mal domado
A cabresto, sem espora
Sem mais alguma demora
Sorvo um novo amargo
E permaneço solito
Até quando Deus quiser
Se vier uma companheira
Agradecerei ao infinito
Se não vier, permanecerei aqui
Um eterno cuida dor do fogo
Pitando um fumo novo
Sorvendo o amargo de sempre.
Diôzer R. Dias
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