"As imagens a frente nos remetem a ilusão de conhecermos o tudo de tão pouco espaço, num ângulo de visão distorcido quanto a realidade dos caminhos tomados ao longo da vida. A vivência de tempos nos transmite a certeza do ontem e a bravura do hoje, mas não pode nos mostrar o caminho do correto amanhã. Os versos em suas variadas formas, demostram de forma única a cada um de nós, as maneiras de levar a frente a maior incógnita do mundo, a vida! - Sintam-se a vontade para comentar ." O autor.

segunda-feira, 28 de março de 2011

SEJAMOS NÓS

Mesmo que sejamos nós
Jovens loucos desse mundo
Fazemos dos amigos a vida
Puxando lembranças do fundo

Brincando de palavras
Nos escondendo entrelinhas
Tantas lembranças minhas
Removendo a solidão

Buscando outra forma
Que não seja normal
De viver a vida
Nesse mundo animal
Buscando aquele dia
Em meio ao temporal
Passamos a vida
Nesse mundo marginal

Rumando pelas cidades
Os pensamentos fluem
Talvez se mudem
Pras idéias inovar

Mesmo que o céu
Não esteja azul
Vejo o véu
Que cai em ti

Mesmo que brinque
De ser só seu
Busco em teu rosto
Um sonho meu.

Diôzer R. Dias

quinta-feira, 24 de março de 2011

O TEMPO QUE QUERO

Quero um tempo só pra mim
Onde eu possa ditar as regras
Quero algo que lembre a terra
Daquele momento distante

Quero um tempo andante
Que não me cobra por quem sou
Em um momento eu não vou
Lembrar desse passado maleva

Quero um tempo que me entrega
As chaves do meu destino
Onde nenhum taura malino
Tenha coragem de pelear

Quero um tempo para lutar
Por meus ideais guerreiros
Mesmo eles sendo caborteiros
São meus e de mais ninguém

Quero um tempo meu, não de alguém
Para mostrar a realidade
Que busca sem maldade
Minha verdadeira consciência

Quero um tempo que mostre minha essência
No seu mais puro momento
Trançado por vários tentos
Pode seguir firme, e ir sem rumo

Quero um tempo sem consumo
Onde a única coisa vendida
Sejam as alegrias da vida
Esquecendo um pouco o passado

Quero um tempo para ser amado
No verdadeiro sentimento escondido
Mostro-me, e sou teu amigo
Pra qualquer hora e momento

Quero um tempo ringido a tento
Que é pra não arrebenta
Mesmo que se procure manea
Segue-se no mesmo reboliço

Quero um tempo de feitiço
Uma fantasia para acreditar
Essa angustia poder matar
Com os personagens criados por alguém

Quero um tempo além
De qualquer outro vivido
Que nunca o tenha esquecido
Pra um outro recomeço

Quero um tempo... e não apareço
Permaneço aqui declamando
Quando solito, chorando
Por não ter tempo nenhum

Quero um tempo em que algum
Vivente mesmo maltrapilho
Permaneça como eu, andarilho
Buscando o inexistente infinito

Quero um tempo bonito
Que não existe, já sei
Onde Deus seja a lei
Por todo gaúcho andejo

Quero um tempo, e desejo
Mesmo em sentimento sombrio
Não deixar meu rancho vazio
Passando os tempos a assobio.

Diôzer R. Dias

segunda-feira, 14 de março de 2011

LEMBRANÇAS EMOLDURADAS

Tua estampa farrapa
Retrata os moldes de uma história
Nada escapa a tua vasta experiência
Nesta longa jornada de existência.

Chapéu de pança de burro
Teu limite entre o céu
E uma ponta de lança junto ao peito
Trazida como lembrança.

São resquícios de uma infância
Daquelas mal domadas
Que tu, homem rude desigual
Vem a anos domando um e outro bagual.

Um lenço a meia estirpe
É o que traz ao pescoço
Um osso de canela auxilia no nó
Que volta-o a profissão de ginete.

Encarnado como o sangue de suas veias
O lenço do xirú que a anos atrás
Viu entre os demais
De sua raça sulina.

Mais de uma judiaria
Entre seus irmãos, cuja única diferença
Era a cor do lenço que traziam
Se faziam animais entre homens.

O pala guarda entre o corpo
As recordações de um passado
Entrelaçado por lembranças e vivencias
E as tantas tendências hoje já esquecidas.

São experiências vividas
Por um homem do pampa
Que retrata sua estampa em versos
Guardadas, por um pala cor da noite.

O cinto que segura a bombacha
Já serviu de aconchego
E fez chamego a sua pistola
Que hoje demora a saltar da bainha.

Retratos de uma vida bruta
As mãos calejadas da terra ardida
Já não remetem feridas junto ao lanço
Trançado a capricho quando piá.

O companheiro desde a infância
Vai junto em toda carreteada
Por vezes fica solito
Só a escutar um grito de “Era Boi”

Um violão bem afinado
Um pinho de incontáveis histórias
Um alambrado de cordas
Um corpo esguio acariciado.

Cada favo da bombacha
Retrata uma anedota bem feita
Perfeitas não seriam elas
Sem a companhia da prateada.

Faca de muito carinho, delgada
No conforto de sua bainha
Sente-se uma rainha ao desfilar no povaréu
E ele, o réu, condenado a carrega-la por toda uma vida.

Se vem com os dedos dos pés aparecendo
Não é por relaxamento ou desgosto
É o amor pela tradição da bota de seu pai
Feita de algum garrão, arrancado a campo fora.

Sua casa não tem tramelas
Nem suas janelas são grandiosas
É simples, mas incomparavelmente belas
Estejam onde for.

Onde for seus pensamentos
Onde for seus sentimentos
Onde forem seus relentos
Onde forem seus ideais.

Sua casa é sobre rodas de madeira
Que de alguma maneira ainda hoje
Carrega os sonhos de algum bagual
Como um abraço em afeto paternal.

Emolduram novamente seus sentimentos
Uma forma de semente querendo germinar
Antes mesmo de terminar sua existência
Vai ainda pousar, na querência, do coração.

Diôzer R. Dias.

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Todos os textos/frases/mensagens/palavras/etc..., aqui postados são de autoria de Diôzer Rodrigues Dias, as imagens utilizadas foram retiradas através de site de busca na internet. Todo e qualquer artigo literário que venha a ser utilizado neste Blog levará como rodapé sua autoria.

Sem mais, espero que gostem da leitura e aproveitem bem o espaço destinado a comentários.

Att. Diôzer Rodrigues Dias.