"As imagens a frente nos remetem a ilusão de conhecermos o tudo de tão pouco espaço, num ângulo de visão distorcido quanto a realidade dos caminhos tomados ao longo da vida. A vivência de tempos nos transmite a certeza do ontem e a bravura do hoje, mas não pode nos mostrar o caminho do correto amanhã. Os versos em suas variadas formas, demostram de forma única a cada um de nós, as maneiras de levar a frente a maior incógnita do mundo, a vida! - Sintam-se a vontade para comentar ." O autor.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

GAUCHOS DE SETEMBRO

Madrugada do dia 20 do mês de setembro de 1835. Ao raiar dos primeiros raios de sol um gaúcho dos mais valentes, rodeado de amigos cheios de ideais puderam ver o inicio da mais importante batalha travada pelos nobres homens e mulheres amantes deste estado.
Quase 10 anos após seu inicio, deu-se por encerrada a Revolução Farroupilha/Guerra dos Farrapos. Restaram na memória dos envolvidos e espectadores as lembranças, as lendas criadas, os mitos, os heróis e outras coisas que nunca saberemos.
Nesta época e vários até hoje são realmente gaúchos amantes das tradições e costumes que foram adaptadas ou realmente surgiram neste torrão situado no extremo sul do Brasil. A todos que possuíram o privilégio de nascer nessa terra, ganharam de presente o orgulho de dizer “eu sou gaúcho”, a liberdade de caminhar por vastos campos verdes e respirar o verdadeiro ar puro, ganharam o prazer de ter hoje em apenas 495 municípios uma diversidade incontestável de culturas e tradições trazidas pelos primeiros colonizadores que aqui pisaram e seguem com suas marcas até hoje.
São as diversificações do clima, a diversidade de culturas, os incontáveis sotaques, planícies, planaltos, serras, praias e o que mais a natureza puder nos oferecer que formam o estado em questão.
Aos que realmente cultuam nossas tradições não existe época para tomar um chimarrão, sair de alpargatas, soltar um sapucai, ouvir uma boa musica regada a gaita e violão, e enfim, continuar cultivando tradições por entre os tempos. São estes, tantos apaixonados pelo RS que mostram aos demais brasileiros o que realmente é ser gaúcho, embora, em muitos momentos estes mesmos, não estejam pilchados ou abraçados a um porongo enquanto esperam a água ferver na cambona que está presa a um tripé em fogo de chão, água esta que já fora usada para lavar a taquapi e esquentar as botas baias brancas pela geada.
Aos gaúchos de setembro que não me alegra muito em reconhecer que uma boa parte dos guapos que neste dia desfilam altivos os acontecimentos deste mês tão importante na nossa história e só o fazem no nono mês de todo ano (ao menos o fazem). Acredito que setembro seja o mês onde mais se vendam pilchas, graxa, erva-mate, garrafas térmicas, cuias, etc... Infelizmente itens esquecidos por praticamente 11 meses do anos.
Aos gaúchos de setembro, obrigado pelos poucos momentos despendidos para relembrarmos as tradições. Apesar de serem momentos aproveitados apenas como festa, sei que muitos adquirem a cada ano uma parcela considerável de cultura e paixão pelos costumes. Infelizmente o maior significado desta data para estes gaúchos, são as festas, a oportunidade de uma vez por ano “montar acampamento” e poder usar aquela bombacha balão sem ter a vergonha e o medo das criticas dos amigos que fazem o mesmo.
Entendendo as palavras de nosso hino entenderemos as razões pelas quais nos orgulhamos de ser brasileiros e mais ainda, de ter nascido no Rio Grande do Sul. Guardemos algumas palavras...
Mas não basta pra ser livre
Ser forte, aguerrido e bravo
Povo que não tem virtude
Acaba por ser escravo.”

Diôzer R. Dias

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

QUERO SONHAR


Já a algum tempo
Uma paixão bateu ao peito
Lembro que não teve jeito
Inundou meu coração

Antes mesmo de pensar
Não queria acordar
Enquanto isso só sonhar

Jamais imaginei assim
Unindo vontade a fome
Li em seus lábios meu nome
Indagando meus pensamentos

Antes mesmo de pensar
Não queria acordar
Enquanto isso só sonhar.

Diôzer R. Dias

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

ALVORADA AMADORA

Bolhei olhares pra um norte
Que com muita sorte será meu rumo
Ao compasso de um minuano
Vou quebrando orvalho, devagarito.

O pingo a um compasso lento
Vai reforçando minha ancia em relento
Eu vou apressando o passo
Enquanto o sol desponta no alvorecer.

É a geada que se torna orvalho
É o inverno que muda o ciclo da vida
Ao passo que o sol desponta...
É a ida destorcida pelo pranto
É o acaso inundado ao descampado

Um companheiro bem encilhado
Pelo cusco baio amadrinhado
Nunca me leva onde eu quero
Mas sempre onde eu preciso.

Com as diferenças das fronteiras
Formando os pelos da indiada peleadora
É a vida amadrinhadora que renasce
Nesta alvorada, amadora.

Diôzer R. Dias

sábado, 23 de julho de 2011

SERIA MELHOR...


Ao tentar ler meus pensamentos
De idéias suas a frente encontradas
Varridas ao sabor dos ventos
Acumuladas em algum canto imaginário

Acumuladas nas prateleiras da memória
As poeiras dos sentimentos esquecidos
Dos momentos intensos vividos
Retrasem a vontade de mudança

Resta-me apenas, a fiel amiga, Esperança
Que se refaz a cada instante mais
Deste os tempos de criança
Quando as primeiras poeiras se acumularam

Olho para frente e revejo
O passado de um gauchito andejo
Viajado por infindáveis estradas
Formadas de seus pensamentos e sonhos

Procuro o calor do sol para me aquecer
Abrir os olhos para a vida lá fora
Talvez aproveitar melhor esse amanhecer
E lustrar meus sentimentos sem uso

Talvez seja assim, a um lustre sem fim
Que conseguirei desta vez, e sem esforço
Indagar o que realmente quero e serei
A uma memória já quase limpa da vida

Faxina quase pronta não sei se ainda quero
Muito de mim espero que talvez, melhor não
Prefiro permanecer a escuridão, a conhecer...
Conhecer a real realidade da vida.

Diôzer R. Dias

terça-feira, 21 de junho de 2011

AMANHECER DE INVERNO

Goteja o orvalho enquanto amanhece
Choram flores das mais diversas cores,
Pela alegria do sol nascente
Resplandece a natureza a renascer.

Como todo começo, iniciou-se o inverno
Frio inconstante com um vento incessante,
Varrem os dias, e as noites a fora
Desconfortando uns e alegrando outros.

Permanecem os velhos cabides ambulantes
Pessoas que vão e vem, ora quente, ora frio,
Com seus vastos casacos a cortar ruas
Apenas a face nua recebe o beijo do amanhecer.

Não fosse pelos motivos naturais
A necessidade de renovação dos seres,
A natureza teria feito tal estação
A imensidão de vários prazeres.

Esfria a palma e aquece a alma
Desencontram-se os sentidos,
Aflora a vontade de momentos únicos
Ao inalar gotículas de orvalho.

Resplandecentes a navegar
Tocam todos que encontram,
Elas anunciam a alvorada
Nos, nos despedimos da morada.
Diôzer R. Dias

quarta-feira, 15 de junho de 2011

FALTA DE VOCE

Veja o meu olhar
Querendo o teu corpo a todo instante
Tirando de mim sem perceber
O teu sorriso incessante

Olha, não confundo o momento
Meu sentimento por ti a explodir
Nossos carinhos a se repetir
A teus braços, me lançar

Vem tirar de mim esse sentimento
Vem ser meu aconchego
Nessa fria noite de relento
A meu coração da teu calor

Vejo em teu olhar
O brilho eterno, não vai cessar
Teu sorriso agora meigo
A me acariciar, só mais um instante

Pra que eu possa perceber
O quanto eu preciso de você
E mais uma vez vem me buscar
Para que eu possa, te amar.

Diôzer R. Dias

quarta-feira, 25 de maio de 2011

EM SOLIDAO

Hoje é domingo, inicio de inverno
Já são praticamente cinco horas da manha
Estou a avistar a lua em seu manto eterno
Vou aproveitá-la, não sei se a terei amanha

A lua esta pequena mas ilumina longe assim
Com a pouca ajuda das estrelas
Vai iluminando os caminhos pra mim
Para que eu sempre possa velas

Algumas nuvens aprimoram a paisagem
Estou aqui, sentado sobre uma pedra a beira d’água
Esperando que o céu me traga uma mensagem
E tentar arrancar do peito essa magoa

E ela veio, rápida, rasgando o céu
Como se entendera a mensagem desse aprendiz
Uma estrela morre, cadente, rasga o céu
Será que vai atender o pedido que fiz?

A noite de véu rasgado calou-se
Só ouvia o vento bater as folhas suas
E aos poucos o tempo, mudou-se
Na água as estrelas banhavam-se nuas

Incomodo-me ao sentir este frio
O minuano quase assobia
Mesmo assim ele continua calmo e macio
Sei que de tudo ainda não sabia

A lua que não vive sozinha
Ainda me escuta chorar baixinho
Ela por certo já fez sua casinha
Eu ainda construirei meu ninho.

Diôzer R. Dias

terça-feira, 10 de maio de 2011

OS QUATRO VENTOS

Não busco perfeição
Nem em meu coração
Não é brincadeira eu sei
A magia que nasce do olhar

É o vento carregando
Como se estivesse embalando
Uma folha pelo ar
Encontrando seu destino

O vento transcreve a história
Que fica em minha memória
Batendo a porta do coração
Com carinho e ternura

Vejo em teus passos a beleza
Com a alegria da natureza
Caminhas com o vento
Que vem dos quatro cantos

O vento norte
Que me traz a sorte
O vento sul
Mostra-me o céu azul
O vento leste
Teu coração me deste
O vento oeste
Um carinho fizeste

Não busco na alegria
Fugir do dia a dia
Mas em tua beleza encontro
Todos os tons da natureza.

Diôzer R. Dias

segunda-feira, 2 de maio de 2011

NOVO RUMO

Vive a inconstância de atos
Em relatos que a suspiros,
Mal traçados de suas linhas bem escritas
As manuscritas frases e pensamentos,
Perde-se ao relento de seus dessabores
Vividos a amores não esquecidos.

Percebe e relata com um olhar penetrante
O coração de seu amante eterno e incapaz,
Não tens o rosto de rapaz por ser frio
A um assovio mesmo vindo do coração,
A eterna solidão que nunca teve sexo
Tão pouco o nexo de sua existência.

Trazes no rosto marcas da idade
Sua mocidade ainda por viver,
Sem um dia esquecer os momentos passados
Os beijos adorados de uma família,
Que como filia única trouce de berço
Um branco terço e aprendera a rezar.

Já fez quinze e já fez vinte e um
E eu sou apenas mais um dos vários...
E vários versos que ela irá ler
Relembrar ao ver as pessoas de seu caminho,
Com seu vestido lilás limpinho a esperar
O rapaz certo a enamorar e seu coração entregar.

Vive rodeada de sonhos loucos
Seus poucos amigos de confiança,
Fé, esperança, alegria e o poder de sorrir
Faz ouvir teu coração a bater,
E se sem querer escapar algum perdão
Agarre-o com a mão, e o de a quem merecer.

Um dia irá crescer e esquecer do que fez
Talvez das brincadeiras e dos versos,
Inversos a realidade por ti sonhada
Sinta-te abraçada sempre que precisar,
Não relutes em procurar se já escondeu
Teu eterno “eu” perante o espelho que reflete.

Quando olhar para trás e ver que esta acabado
Ao lado de seu amado relembra os momentos,
Os ventos das praias, as estradas e as alegrias.
Quando viria a imaginar o que fez?
Comece outra vez, trace outro norte,
Conte com a sorte, e continue em paz.

Diôzer R. Dias

segunda-feira, 25 de abril de 2011

COMO FICA

Fico pensando na verdadeira verdade
E procurando uma maneira de viver
Sem fazer sofrer um alguém especial
Procuro não demonstrar meus sentimentos

Faço de tudo para não me entregar
Ainda tenho muito medo de errar
Não quero com as emoções brincar
Quero me reencontrar e nada mais

Fica gritando meu coração
Ao tocar de sua mão em meus lábios
Fica mais longe a solidão
Quando teu peito encontra o meu
Fico te pedindo perdão
Pois sei que ainda erro nessa vida
Fico me culpando e então
Não me encontro nessas palavras perdidas

Fazia dias que queria te contar
Que a te amar estou aprendendo
Assim mais te querendo por perto
Não sei o certo, só sei que é assim

Finjo pensar longe estando ao teu lado
Me vejo calado ao som da tua voz
Enganando meus pensamentos
Incrustando meus sentimentos.

Diôzer R. Dias

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A COMPOR

Convido-te a compor
E a chorar se preciso for
Não importa o tamanho da rima
Apenas, palavras como imã.

Fale de lua fale do que vier
Mas ainda me beije se puder
Gosto de sentir tuas palavras de perto
Sempre estarei de braços abertos

A te esperar como só eu sei
Acredito que um dia errei
É realmente troquei versos
E me fiz aos inversos

Mudando e apagando o que fiz
Não sei bem como se diz
Mas hoje me serve de consolo
O que um dia será namoro

A grama mesmo molhada
Transmite em uma só olhada
O que eu deveria fazer
E escreve o que eu deveria dizer

Calculo e reconto
Amarro com um ponto
Minha boca fica calada
Cala-se no frio da alvorada

É escura a fria
Lembro-me dos versos daquela guria
E choro mais e mais
Já abandonei meus iguais

Não escuto conselhos a mil
Sei que a vida é presa a um fio
Que mesmo fininho é forte
Talvez esse seja meu norte

Procuro na rosa dos ventos
Leve, trançada a tentos.
A explicação de meus caprichos
Porque destes cambio-os

Não encontro uma explicação
Apenas o sentimento de decepção
Pelas maldades da vida
Pelos caminhos da lida

Tranço em versos feitos agora
Tudo e a qualquer hora
Que o dia me mostrar
Que ainda é tempo de amar

A lua minha companheira
Fiel à vida inteira
Ainda hoje esta calma, ali.
E eu, assim, calado aqui.

A grama já não é mais verde
A escuridão a deixa com sede
Que o sereno mata sem do
E faz em meu coração um nó

No este que se desfaz
Quando o sol fugaz
Vem inundando meu mundo
Deixando a tristeza lá no fundo

Quero um dia ser estrela
Para melhor vê-la
Bem lá do alto, nas nuvens.
Sei que um dia tu vens

Ajusto umas coisas quando tu vens
Trato-te com carinho, te quero bem.
Sabes que um dia te comentei
Que teu ainda serei

Mas calma tempo apressado
Não fica ai amarrado
Mexes-te bem devagar
Não me magoa em um olhar

Essa moça que traz tormentas
E que tempestades enfrentas
É a mesma que me sorve o mate
É a mesma que meu coração abate

Convidei-te a compor
Pois não gosto de impor
Minhas palavras desgarradas
Trazem palavras amadrinhadas

Traçam alguma imaginação
Perdida num rincão
Destes lugares tantos
Lembro-me de teus mantos

Todos leves e delicados
Sempre estiveram abraçados
Por uma pele esculpida na calmaria
Aproveitando a luz do dia

Mulher de mil olhares
Traz os 7 mares
Dentro de teu olhar
Que fica a me inundar

Busca na voz os ventos
Mesmo em noites de relentos
Sempre traz uma palavra doce
Pra os lugares onde fosse

Não posso falar muito agora
Sei que já esta na minha hora
Não quero tomar de teu tempo
Mas fica aqui apenas um exemplo

De como poderia ser um dia...
Será realmente que assim seria
Como a imaginação flutuante
Volto a ser eu mesmo, caminhante.

Sonhando com qualquer alguém
Mesmo sem ninguém
A meus olhos sou exigente
Tornaram-se uma vertente

Mesmo assim continuo aqui
Sei que tu ainda estas ai
Mesmo assim me perco a imaginar
Como seria em um todo, amar!
 
Diôzer R. Dias

segunda-feira, 28 de março de 2011

SEJAMOS NÓS

Mesmo que sejamos nós
Jovens loucos desse mundo
Fazemos dos amigos a vida
Puxando lembranças do fundo

Brincando de palavras
Nos escondendo entrelinhas
Tantas lembranças minhas
Removendo a solidão

Buscando outra forma
Que não seja normal
De viver a vida
Nesse mundo animal
Buscando aquele dia
Em meio ao temporal
Passamos a vida
Nesse mundo marginal

Rumando pelas cidades
Os pensamentos fluem
Talvez se mudem
Pras idéias inovar

Mesmo que o céu
Não esteja azul
Vejo o véu
Que cai em ti

Mesmo que brinque
De ser só seu
Busco em teu rosto
Um sonho meu.

Diôzer R. Dias

quinta-feira, 24 de março de 2011

O TEMPO QUE QUERO

Quero um tempo só pra mim
Onde eu possa ditar as regras
Quero algo que lembre a terra
Daquele momento distante

Quero um tempo andante
Que não me cobra por quem sou
Em um momento eu não vou
Lembrar desse passado maleva

Quero um tempo que me entrega
As chaves do meu destino
Onde nenhum taura malino
Tenha coragem de pelear

Quero um tempo para lutar
Por meus ideais guerreiros
Mesmo eles sendo caborteiros
São meus e de mais ninguém

Quero um tempo meu, não de alguém
Para mostrar a realidade
Que busca sem maldade
Minha verdadeira consciência

Quero um tempo que mostre minha essência
No seu mais puro momento
Trançado por vários tentos
Pode seguir firme, e ir sem rumo

Quero um tempo sem consumo
Onde a única coisa vendida
Sejam as alegrias da vida
Esquecendo um pouco o passado

Quero um tempo para ser amado
No verdadeiro sentimento escondido
Mostro-me, e sou teu amigo
Pra qualquer hora e momento

Quero um tempo ringido a tento
Que é pra não arrebenta
Mesmo que se procure manea
Segue-se no mesmo reboliço

Quero um tempo de feitiço
Uma fantasia para acreditar
Essa angustia poder matar
Com os personagens criados por alguém

Quero um tempo além
De qualquer outro vivido
Que nunca o tenha esquecido
Pra um outro recomeço

Quero um tempo... e não apareço
Permaneço aqui declamando
Quando solito, chorando
Por não ter tempo nenhum

Quero um tempo em que algum
Vivente mesmo maltrapilho
Permaneça como eu, andarilho
Buscando o inexistente infinito

Quero um tempo bonito
Que não existe, já sei
Onde Deus seja a lei
Por todo gaúcho andejo

Quero um tempo, e desejo
Mesmo em sentimento sombrio
Não deixar meu rancho vazio
Passando os tempos a assobio.

Diôzer R. Dias

segunda-feira, 14 de março de 2011

LEMBRANÇAS EMOLDURADAS

Tua estampa farrapa
Retrata os moldes de uma história
Nada escapa a tua vasta experiência
Nesta longa jornada de existência.

Chapéu de pança de burro
Teu limite entre o céu
E uma ponta de lança junto ao peito
Trazida como lembrança.

São resquícios de uma infância
Daquelas mal domadas
Que tu, homem rude desigual
Vem a anos domando um e outro bagual.

Um lenço a meia estirpe
É o que traz ao pescoço
Um osso de canela auxilia no nó
Que volta-o a profissão de ginete.

Encarnado como o sangue de suas veias
O lenço do xirú que a anos atrás
Viu entre os demais
De sua raça sulina.

Mais de uma judiaria
Entre seus irmãos, cuja única diferença
Era a cor do lenço que traziam
Se faziam animais entre homens.

O pala guarda entre o corpo
As recordações de um passado
Entrelaçado por lembranças e vivencias
E as tantas tendências hoje já esquecidas.

São experiências vividas
Por um homem do pampa
Que retrata sua estampa em versos
Guardadas, por um pala cor da noite.

O cinto que segura a bombacha
Já serviu de aconchego
E fez chamego a sua pistola
Que hoje demora a saltar da bainha.

Retratos de uma vida bruta
As mãos calejadas da terra ardida
Já não remetem feridas junto ao lanço
Trançado a capricho quando piá.

O companheiro desde a infância
Vai junto em toda carreteada
Por vezes fica solito
Só a escutar um grito de “Era Boi”

Um violão bem afinado
Um pinho de incontáveis histórias
Um alambrado de cordas
Um corpo esguio acariciado.

Cada favo da bombacha
Retrata uma anedota bem feita
Perfeitas não seriam elas
Sem a companhia da prateada.

Faca de muito carinho, delgada
No conforto de sua bainha
Sente-se uma rainha ao desfilar no povaréu
E ele, o réu, condenado a carrega-la por toda uma vida.

Se vem com os dedos dos pés aparecendo
Não é por relaxamento ou desgosto
É o amor pela tradição da bota de seu pai
Feita de algum garrão, arrancado a campo fora.

Sua casa não tem tramelas
Nem suas janelas são grandiosas
É simples, mas incomparavelmente belas
Estejam onde for.

Onde for seus pensamentos
Onde for seus sentimentos
Onde forem seus relentos
Onde forem seus ideais.

Sua casa é sobre rodas de madeira
Que de alguma maneira ainda hoje
Carrega os sonhos de algum bagual
Como um abraço em afeto paternal.

Emolduram novamente seus sentimentos
Uma forma de semente querendo germinar
Antes mesmo de terminar sua existência
Vai ainda pousar, na querência, do coração.

Diôzer R. Dias.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

MINHAS VOZES

Hoje aconteceu novamente
Ouvi aquela voz me chamando
Não estava muito sorridente
Algo estava me mandando

Desconfiei como de costume
Olhei para trás e nada
E antes mesmo que eu me aprume
Outra vez a voz vinha do nada

Chamava meu nome incessantemente
Já havia me acostumado
Mas hoje parecia ser diferente
Parecia avisar sobre alguém do meu lado

Um privilégio talvez para alguém
Que ainda esta se acostumando
Sem ter a compreensão de ninguém
De, como vozes vive escutando

Escuto meu nome a sussurrarem
Nos mais diferentes lugares
No meu destino mandarem
Ouvindo vozes pelos ares

Quantas vezes procurei
Pela pessoa que meu nome chama
A procura dela somente andei
Espero que seja alguém que me ama

Vozes dizendo perfeitamente o meu nome
Falam calmamente aos meus ouvidos
Sopram em detalhes, e depois, some
E esses sons tornam-se vividos

Nunca havia contado a ninguém
O que ouço pelos meus caminhos
Quem iria acreditar em vozes do além
São meus passos que seguem sozinhos

É uma solidão incomparável
Viver rodeado de vozes conhecidas
De um ou outro ser amável
Que vem informando partidas

Nunca sei quem nem quando
Somente ouço e espero o futuro
Pelos caminhos da vida ando
Já que o resultado vai ser duro

Sem saber para onde correr
Busco no abrigo de minha memória
Um bom lugar para me esconder
Guardando nela toda e qualquer história

São amigos, parentes, entes queridos
Que já soube de antemão
O destino destes amigos
Só consigo amarrar meu coração

Fico amarrado por na saber
Quem será a pessoa
Nem o que vai acontecer
É algo que muito me magoa

Saber que posso ajudar alguém
Ou ao menos avisar do fato
Me sinto um ninguém
Vivendo mais este ato

A vida claramente me honrou
Com uma dádiva real
Porem a ela me amarrou
Faz-me viver um mundo surreal

Não sei se um dia saberei
Para quem me levam os sussurros
Só sei que esta sina seguirei
Levando da vida, pontapés e murros

É difícil acreditar no ocorrido
Mais uma vez fui visitado
Alguém eu poderia ter socorrido
Realmente, preciso deste fardo

Alguém impôs muita confiança
Em um garoto que ainda aprende
Deus deixou-me de herança
Uma alma que me compreende

Ouço vozes que vem do além
Nunca sei de onde elas ecoam
Nem sei quem é esse alguém
Que meus sentimentos magoam

Um dia saberei quem são
As pessoas que tentam me avisar
Vivo no rumo do meu coração
Ainda sozinho estou, a vagar

Hoje aconteceu novamente
As vozes vieram de repente
Foi-se de um amigo já carente
Para perto de Deus, mais um parente.

Diôzer R. Dias

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

INCOGNITA


A indiferença de um olhar remoendo a incerteza da vida.
Retrata incansavelmente os modelos de existência.
Através da vivência de ida e vinda por esse mundão de Deus.
É que se percebem que nunca se soube da verdade.
A verdadeira idade de nossa alma.
Os valores esquecidos pelo tempo, levados pelo vento.
Restando as duvidas, obscuras e incrédulas aos desejos carnais.
Versos de ideais já esquecidos.
Mal paridos por poetas cansados de lutar.
Que permanecem calados tentando calar as inverdades.
Retirar dos corações algumas maldades e plantar a alegria.
Da vida, dos momentos únicos, e espelha-los para os demais.
Do tempo vasto que temos e que se acaba em um sopro, um piscar de olhos.
Choram os sorrisos incapazes de se multiplicarem.
Sorriem as lágrimas por ver que não estão sós.
Em um rosto inocente já percebe-se a indignação.
Marcado pelos pecados da vida sem mesmo os conhecer.
Sem ao menos ter feio algumas perguntas a seus mestres.
Apenas vivendo o que lhes é ditado como regra e certo.
Contrastando o real e o irreal em momentos iguais.
Formando em suas mentes ainda nuas de conhecimentos.
Várias e várias incógnitas sobre o todo da vida.
Relutam em reconhecer a verdade e sonha uma realidade filmada.
Marcam em seus rostos os estereótipos de verdade sem conhece-las.
Mascaram a ingenuidade em faces vestidas por maquiagens e moda.
E deixam escapar o espelho da verdade os seres inocentes.
Transmitindo através de seus olhos os reais sentimentos de incerteza.
Clamando pela clareza dos assuntos vividos.
Dos momentos que desejaram ser esquecidos.
Das vidas obrigadas a viver sem vontade.
Da maldade de calar vozes com corações negros e frios.
Não sabe-se por onde nem quando começa.
Apenas vive-se os momentos de incerteza.
E criam-se metas de um dia desvendar as incógnitas da vida.

Diôzer R. Dias.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

DROGAS

Através de imagens como esta retirada de http://desmotivado.com/2009/06/01/drogas-2/ é que temos mais uma visão de quanto o uso de algumas substâncias é letal a nossa saúde/vida.
Entristece-me ao ver e ouvir propagandas de apelo a algo que deveria ser enraizado a todos desde o momento de geração, ainda no útero, a fim de continuarmos de uma forma mais pura a dádiva da vida.
Esquecendo dos conselhos e exemplos vistos, alguns de nós se lançam mais cedo ao encontro da morte e do desconsolo, onde buscam a paz interior esquecem-se dos detalhes que fazem a diferença na real felicidade.
Importando-se apenas com o modelo ditado por “amigos” aos quais já nem lembram quem são e onde os conheceram.
São relatos conforme as palavras do Sr. Correto Áster.

Reconheci o cheiro quando iniciei, tomei a coragem de seguir e me entregar de corpo e alma ao sabor, ao odor e principalmente as sensações desta oitava maravilha do mundo, que na minha opinião deveria ser a primeira.
De maneira inexplicável em pouco tempo a sensação mais e mais forte, atraia-me a seu encontro e deixava meu corpo paralisado com a sua presença. Minha alma esquecida em algum canto de meu coração lacrimejado por atos insanos que eu cometera de maneira espontânea e impulsionado pela pressão (a qual cedi por fraqueza) de pessoas conhecidas e respeitadas por meu meio de contatos e amigos.
As experiências aflorando ao dinamismo de tudo poder conquistar apenas sentindo um odor mágico, que facilita e transforma tudo, mas que..., se certa forma..., não mais me satisfazia como antes, faltava algo.
E foi que certo dia quando eu estava a espera de nada, que mesmo sem ser convidado, um conhecido (pois não lembrava quem era) disse que iria me ajudar e injetou com uma agulha retirada de seu braço um líquido aparentemente inofensivo que segundo ele era um “remedinho” qual ele usava todos os dias.
Foi neste momento que senti uma paz interior e algo me rodeando e pedindo para que eu saísse dali, que eu fosse embora, para longe. E logicamente eu obedeci a meus instintos e continuei, deixei aquele conhecido terminar de me “medicar”, acabando com meus problemas e me entregando uma sensação melhor do que a anterior, e a sensação de alívio juntamente com a voz calma, sumiram.
E foi sumindo minha visão nítida da vida, turva permaneceu enquanto os segredos do universo pareciam inertes a meus sentidos, apenas sonhava com o hoje que não existe e o amanha que nem sem se irá acontecer.
Mais e mais, sem rumo certo, me vi coberto pelo desespero quando em certo momento não relutei em apresentar outra imagem deste ser terreno, apesar dos momentos em que estava “normal”, sem as reações de meus “remédios” eu sentir e ouvir aquela voz, eu nunca pensei em parar, estava bom, sumia mesmo que momentaneamente, mas sumia com meus problemas.
Alguns dias depois, sem mais necessitar de nada, pois neste mundo já não estava. Conheci o Dono da voz que por muito tempo tentou me guiar, estava Ele, de olhos vermelhos a chorar e braços sangrando, com vários furos de agulhas, e da mesma forma de sempre Ele me disse palavras doces e confortadoras.
Eu não sentia mais nada de dor ou de pressão pelos problemas da vida, mas Ele por outro lado, continuou pagando por meu erro e de meus conhecidos.

Diôzer R. Dias

domingo, 16 de janeiro de 2011

SENHOR DESTINO

Como pudera não reconhecer um rosto
Que se mostra ao oposto de minha vontade,
A igualdade dos fatos ditos a nos dois
Em eventos, pois por muitos tempos atrás.

Eram os caminhos cruzados de relatos insanos
De mentes tão inocentes nos rumos do vento,
Sem reparar nos tantos irreparáveis danos
Que de qualquer forma, sem demora, viriam com o vento.

Tanto perto quanto longe fomos apenas um
No largo incomum de versos ao relento,
Mostrava-se o vento o mais infiel de todos
O menestrel da história de nós dois.

Eu tomava todas as precauções
para que nossos caminhos se cruzassem,
o mínimo possível indagando os corações
para que todas as angustias passassem.

Fiquei eu mais uma vez somente com você
Em minha mente como em várias as outras noites,
Precárias de carinhos e afetos
Sonhando talvez com filhos e netos.

Tendo a certeza de nada saber
Do meu amor por você eu fugi,
Mais uma vez tentando me esquecer
De um amor que nunca fingi.

Diôzer R. Dias

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Att. Diôzer Rodrigues Dias.