"As imagens a frente nos remetem a ilusão de conhecermos o tudo de tão pouco espaço, num ângulo de visão distorcido quanto a realidade dos caminhos tomados ao longo da vida. A vivência de tempos nos transmite a certeza do ontem e a bravura do hoje, mas não pode nos mostrar o caminho do correto amanhã. Os versos em suas variadas formas, demostram de forma única a cada um de nós, as maneiras de levar a frente a maior incógnita do mundo, a vida! - Sintam-se a vontade para comentar ." O autor.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

MOCIDADE

Pouca maquiagem e muita esperança
Em dois olhos não mais de criança
Que miram de longe seu objetivo
Algum sonho talvez, ainda não vivido

Não tem as rugas de idade e expressão
Mas conserva na imensidão de seus sonhos
A imagem do que mais lhe atrai
A lembrança fiel de sua mãe e seu pai

Não usa jóias pois concorrem com seu olhar
Paro-me a lhe imaginar, olhos bem abertos
Sorriso ainda acanhado sem rumos certos
Somente sonhando com os desafios da vida

Morde os lábios no ímpeto do desejo
Talvez busque do príncipe um beijo
Talvez esteja somente a esperar
Um alguém que de longe venha a lhe abraçar

Destaca nos olhos sua força maior
Ao respirar, seu dom de sonhar
Solta o cabelo pois ainda esta a procura
Assim, solta ao vento sem muita loucura

Combina seus ares as cores dos mares
São tons de ilusão que se perdem a imensidão
Destaca no rosar das maças do rosto
A delicadeza de uma pele ao exposto

Quer ser apenas ela em todos os momentos
Apesar dos adventos que a vida traz
Deixados bem pra traz, hoje é só passado
Mas sabe bem que eles ainda vem

Cabelos negros como a cor da noite
Buscam desviar os caminhos de dor
Iluminados por um sorriso que vive a andar
Amarrados pela esperança que não deixa cansar .
Diôzer R. Dias

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

PRIMEIRO DOMINGO

Vinha eu certa noite
A pacito pela estrada afora
Com meu companheiro de andanças
Um tordilho das patas mansas
Que ganhei da dona Aurora.

De relance entre o mato
Vi um lusco-fusco de candeeiro
Que brilhava mais que olho de gato
E eu, eu que sou loco por entrevero
Me larguei a trote pro candeeiro.

De longe se via uns índio
Acho que tavam lá de sentinela
De lança na canhota,
Adaga e faca na cintura
Cuidando quem pulava a janela.

Apeei do tordilho
Já meio encarando os índio grosso
Atei meu pingo perto da porta
Sem da nó de muita volta
Só pro causo dum alvoroço.

Já na portaria do baile
Vi que os índio eram filho do patrão
Chinaredo se alvorotando
Vinham meio se piscando
Pra volta dos peão.

E o gaiteiro era xucro
Tentava se entender com a oito baixo
Vinha puxando o barbicacho
Pra não se enreda no fole
E do copo de samba, puxava mais uns gole.

Fui me chegando pro bulicho
Pois de longe vi uma prenda me espiando
Sem pensar muito no que podia acontecer
Chamei ela no cuchicho
E de longe ouvi o gaiteiro gritando.

Pois amigos lhes digo
Tava em pago desconhecido
Então achei que o causo era comigo
“essa é pra quem quer se enrabixa”
Disse o gaiteiro num sopro.

Já fui puxando a percanta
Bem pro meio da sala
Mas que china que se embala
Quando se põe a dança bugio
Bailemo duas ou três e já apagaram os pavio.

Tavam aprumando os candeeiro
E eu me larguei do entrevero
Meio cuchichando pra china
“vo saindo com meu pingo
Mas te encontro no outro domingo”.

Diôzer R. Dias

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

SENTIDO?

Vejo aqui mais uma lagrima
Que rola sem me pedir
Permissão para partir
Mais uma vez de meus olhos

Ingrata, foste tu
Que ainda me lava
E apenas estava
Uma lagrima a rolar

Quem dera, tu te confundisses
Com a chuva que cai
É tua lembrança que me atrai
Ainda chove em meu rosto

Queria tanto mais uma vez
Não queria deixar você ai
Só, um minuto aqui
Ao meu lado pra sempre

Sei cuidar do tempo
Que é tão pouco a teu lado
Com esse fardo
Pesado da distancia

Não entendemos os sentimentos
Viver é viver, o amor é uma conseqüência
Que busca na verdadeira essência
O sentido de duas vidas.


Diôzer R. Dias

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A MINHA VERDADE É VOCÊ

A dor que sinto ao ver-te
Aqui de frente a mim
Apenas em retrato a vejo
A distancia é grande para mim

Revelo meus segredos de paixão
E as dores do coração
A um amigo de sempre
Meu travesseiro de toda noite

Meus pelegos esperavam por você
Aguçavam as vontades traiçoeiras
De meu corpo que só queria você
E meu peito pulando a mil maneiras

Os olhos brilham assim
Tendo seu rumo por frente
Com um norte sem fim
Lembrando teus cabelos ao vento

Este pobre peito que carrega
Um jeito moleque de ser
Só quer ter mais uma vez
O sabor que traz em teus lábios.

Diôzer R. Dias

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

ESTAMPA

Esta estampa de chiru que herdei a tempos atrás
Que em meio a amores e amizades veio regada de paz
É uma estampa caborteira e muito capaz
De reviver antigas lembranças de longe deixadas pra traz
É assim, de inúmeras lembranças que o gaúcho se fez

Foi na estância de ontem que encontrei meu amor
China delgada, esbelta, inteligente e muito amorosa
Esta eu não me arrependo, num jogo de truco tela ganhado com flor
No começo pedia tudo e se fazia de dengosa
Sem bem saber o que queria assim se fazia minha flor formosa

Como tudo na vida num buchincho começo
Depois de bate com as cartas na mesa
Com um grito de flor, quase me talharam o pescoço
Mas de uma coisa eu tinha toda a certeza
A china já era minha naquele alvoroço

E ela também com sua estampa sempre posta
Não tinha medo de cara feia, tão pouco de rebuliço
Sempre prendia um grito quando lhe davam as costas
Certa feita criou guacho um desgarrado e magro petiço
Só por que o pelo era igual a suas melenas loiras

Bordava como ninguém mais bordava
Desde o tempo em que comigo namorava
Já se fazia ali a estampa da gauchinha dos mus sonhos
Cabelo macio, olhos verdes ou azuis dependendo do momento
Os lábios carnudos sonhadores com seus movimentos risonhos

Um dia terá estampa de mulher madura
A mocinha da qual admiro a cultura
E a vida lhe mostrará o melhor caminho
Para que comigo queira construir seu ninho
E que Deus deixe eu regar esta flor com muito carinho

Vou me retirando para o berço velho de pau a pique
Para poder sonhar mais uma noite vinda
Com a estampa desta flor de china linda
Pois hoje muito distante um do outro estamos
Mas gostaria que ouvisse quando digo: - Te amo.

Diôzer R. Dias

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Sem mais, espero que gostem da leitura e aproveitem bem o espaço destinado a comentários.

Att. Diôzer Rodrigues Dias.