"As imagens a frente nos remetem a ilusão de conhecermos o tudo de tão pouco espaço, num ângulo de visão distorcido quanto a realidade dos caminhos tomados ao longo da vida. A vivência de tempos nos transmite a certeza do ontem e a bravura do hoje, mas não pode nos mostrar o caminho do correto amanhã. Os versos em suas variadas formas, demostram de forma única a cada um de nós, as maneiras de levar a frente a maior incógnita do mundo, a vida! - Sintam-se a vontade para comentar ." O autor.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

MATEADA NO JUVENCIO

Vim me chegando a trote no rancho do Juvêncio
Enquanto o pala da noite num pealo se deitava
Como se desse um ultimo grito de boa noite
O sol se esconde por debaixo da ramada

Ao longe a cuscada alvorotada, recebia, eu e o pingo
Que vinha faceiro, cola erguida, bem trançada
E num relincho dava boa noite a peonada
Que ao pé dum fogo de chão, proseava no galpão

O Juvêncio que é de confiança, e acredita muito no Patrão do Céu
Me grito de longico: -“Vem se achegando guri,
o fogo já ta em brasa e o mate ta quase quente.
Chega no galpão e mateia com a gente”.

É coisa linda vê o entrevero no galpão
Aquele céu de madeira tapado de picumã
Que vem de um fogo de chão
Nos formando uma clareira igual ao sol da manha

A cuia com sua infusão, vagarosamente,
Passando de mão em mão, num ritual que é tradição
Passado de geração em geração
Que muito retrata os costumes da nossa gente

A amizade e o respeito, entre os de poucas primaveras
Que escutam calmos e atentos, tudo o que falam
Aqueles que conhecem bem, todas as estações
São causos e contos ilustrados nas taperas

Noite de mateada no Juvêncio se resolvemos parar
E ouvir as indiadas do Cadencio
Não se vê o tempo passa, e como passa
Até parece que esse tal tempo criou assas

Mas acho que já é demanhãzinha, o galo canto
E o sol sem dó vem paleteando quem dormiu
Talvez por ta parado encostado num canto
Se assim escolheu passar a vida

É hora de lida, um banho de sanga
Um ultimo gole do amargo. E fica a saudade,
Mas em forma de alegria pra o Juvêncio
Que arregaça as mangas pra mais um dia

Buenas seu Juvêncio
Eu to encostado no pingo, e o pingo qué o rancho
Até a próxima mateada
E que o Patrão Celeste permaneça a seu lado.

Diôzer R. Dias

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