Vim me chegando a trote no rancho do Juvêncio
Enquanto o pala da noite num pealo se deitava
Como se desse um ultimo grito de boa noite
O sol se esconde por debaixo da ramada
Ao longe a cuscada alvorotada, recebia, eu e o pingo
Que vinha faceiro, cola erguida, bem trançada
E num relincho dava boa noite a peonada
Que ao pé dum fogo de chão, proseava no galpão
O Juvêncio que é de confiança, e acredita muito no Patrão do Céu
Me grito de longico: -“Vem se achegando guri,
o fogo já ta em brasa e o mate ta quase quente.
Chega no galpão e mateia com a gente”.
É coisa linda vê o entrevero no galpão
Aquele céu de madeira tapado de picumã
Que vem de um fogo de chão
Nos formando uma clareira igual ao sol da manha
A cuia com sua infusão, vagarosamente,
Passando de mão em mão, num ritual que é tradição
Passado de geração em geração
Que muito retrata os costumes da nossa gente
A amizade e o respeito, entre os de poucas primaveras
Que escutam calmos e atentos, tudo o que falam
Aqueles que conhecem bem, todas as estações
São causos e contos ilustrados nas taperas
Noite de mateada no Juvêncio se resolvemos parar
E ouvir as indiadas do Cadencio
Não se vê o tempo passa, e como passa
Até parece que esse tal tempo criou assas
Mas acho que já é demanhãzinha, o galo canto
E o sol sem dó vem paleteando quem dormiu
Talvez por ta parado encostado num canto
Se assim escolheu passar a vida
É hora de lida, um banho de sanga
Um ultimo gole do amargo. E fica a saudade,
Mas em forma de alegria pra o Juvêncio
Que arregaça as mangas pra mais um dia
Buenas seu Juvêncio
Eu to encostado no pingo, e o pingo qué o rancho
Até a próxima mateada
E que o Patrão Celeste permaneça a seu lado.
Diôzer R. Dias
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