"As imagens a frente nos remetem a ilusão de conhecermos o tudo de tão pouco espaço, num ângulo de visão distorcido quanto a realidade dos caminhos tomados ao longo da vida. A vivência de tempos nos transmite a certeza do ontem e a bravura do hoje, mas não pode nos mostrar o caminho do correto amanhã. Os versos em suas variadas formas, demostram de forma única a cada um de nós, as maneiras de levar a frente a maior incógnita do mundo, a vida! - Sintam-se a vontade para comentar ." O autor.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

CONFISSÕES A UM TEMPO

Tempo que vive a passar
Busca ela de tão longe lugar
E traz pra perto dos meus braços
Deixa eu sentir o teu forte abraço

Tempo que não tem medo
Vive a mudar minha vida sem sossego
Conforme lhe convém
Leva e traz o meu querer bem

Tempo maleva e mesquinho
Faz da minha morada um ninho
Para os sentimentos imaturos
Protege-os, envolve-os com teu muro

Tempo que não se iguala
Usa como proteção o teu pala
Que cobre qualquer pessoa
Por mais que a lembrança doa

Tempo de mistérios e verdades
Traz sempre consigo muitas vaidades
Rumando para o infinito, o além
Só peço que deixes para mim, o meu bem

Tempo curtido da lida
Tu que já levaste tanta vida
De amigos por quantos
Mas para cada um, me trouxera outros tantos

Tempo de pura beleza
Inspiro-me na tua mãe natureza
Para amar sem medo ou rancor
E aceitando somente a dor do amor

Tempo que me ensinaste a andar
Que através de tombos aprendi a falar
Escrever, rir, e até hoje, chorar
A derramar lagrimas, sempre que o coração mandar

Tempo de primavera e de flores
Foste um lindo amanhecer para os cantores
Que varam as madrugadas a entoar serenatas
Para seus amores, morenas, loiras ou mulatas

Tempo que dedilha conforme quer
Guarda para mim aquela mulher
Cujos olhos vejo a lua
E a pureza brotando de tua voz nua

Tempo de todas as eras
Relembra como eram tuas primaveras?
Conhecidas como a estação dos casais
Quantos amores brotaram em volta a mananciais...

Tempo singelo e relaxado
Deixa de ver coisas por andar abaixado
Olha pra frente e encara a vida
Ensina aos homens que ela é só de ida

Tempo que nos ensina a viver
Mostra-me como este mundo compreender
Inundado de desaforos e desafetos
Mostra-me os rumos corretos

Tempo que me acompanha
As vezes até apanha
Das palavras que sussurro
Ou quando meu sentimento exala um urro!

Tempo de minhas caminhadas
Vem me relembras aquelas amadas
Que ficaram contigo
Em outro tempo andas escondido

Tempo traz de volta aquela ocasião
Em que te pedi perdão
Por algo que não errei
Mesmo assim, achas que te magoei

Tempo que relembram os meus avós
Falando muito bem de todos nós
Num tempo que foi passado
Hoje já esta muito pesado.

Diôzer R. Dias.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

NOMADE

Dentro do carro
Plugo o MP3
É sexta feira
Eu já saio outra vez.

Pego meu rumo
Sem rumo
Vou pra qualquer lugar.

O caminho é apenas detalhe
O importante é chegar
Em um lugar que não sei onde esta
O importante é chegar.

Eu sou um nômade
Sem rumo
Um nômade a procura de aventura
Eu sou um nômade
Sem rumo
O destino é apenas um detalhe
Eu sou um nômade
Sem rumo
Um nômade a procura
De algo que
Não sei onde esta.

Diôzer R. Dias / Diogo R. Dias.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

LEMBRANÇAS EMOLDURADAS

Tua estampa farrapa
Retrata os moldes de uma história
Nada escapa a tua vasta experiência
Nesta longa jornada de existência.

Chapéu de pança de burro
Teu limite entre o céu
E uma ponta de lança junto ao peito
Trazida como lembrança.

São resquícios de uma infância
Daquelas mal domadas
Que tu, homem rude desigual
Vem a anos domando um e outro bagual.

Um lenço a meia estirpe
É o que traz ao pescoço
Um osso de canela auxilia no nó
Que volta-o a profissão de ginete.

Encarnado como o sangue de suas veias
O lenço do xirú que a anos atrás
Viu entre os demais
De sua raça sulina.

Mais de uma judiaria
Entre seus irmãos, cuja única diferença
Era a cor do lenço que traziam
Se faziam animais entre homens.

O pala guarda entre o corpo
As recordações de um passado
Entrelaçado por lembranças e vivencias
E as tantas tendências hoje já esquecidas.

São experiências vividas
Por um homem do pampa
Que retrata sua estampa em versos
Guardadas, por um pala cor da noite.

O cinto que segura a bombacha
Já serviu de aconchego
E fez chamego a sua pistola
Que hoje demora a saltar da bainha.

Retratos de uma vida bruta
As mãos calejadas da terra ardida
Já não remetem feridas junto ao lanço
Trançado a capricho quando piá.

O companheiro desde a infância
Vai junto em toda carreteada
Por vezes fica solito
Só a escutar um grito de “Era Boi”

Um violão bem afinado
Um pinho de incontáveis histórias
Um alambrado de cordas
Um corpo esguio acariciado.

Cada favo da bombacha
Retrata uma anedota bem feita
Perfeitas não seriam elas
Sem a companhia da prateada.

Faca de muito carinho, delgada
No conforto de sua bainha
Sente-se uma rainha ao desfilar no povaréu
E ele, o réu, condenado a carrega-la por toda uma vida.

Se vem com os dedos dos pés aparecendo
Não é por relaxamento ou desgosto
É o amor pela tradição da bota de seu pai
Feita de algum garrão, arrancado a campo fora.

Sua casa não tem tramelas
Nem suas janelas são grandiosas
É simples, mas incomparavelmente belas
Estejam onde for.

Onde for seus pensamentos
Onde for seus sentimentos
Onde forem seus relentos
Onde forem seus ideais.

Sua casa é sobre rodas de madeira
Que de alguma maneira ainda hoje
Carrega os sonhos de algum bagual
Como um abraço em afeto paternal.

Emolduram novamente seus sentimentos
Uma forma de semente querendo germinar
Antes mesmo de terminar sua existência
Vai ainda pousar, na querência, do coração.

Diôzer R. Dias.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

CUIDADOR DO FOGO

Recostado em um banco de cebo
Remoendo alguma saudade de outrora
Revendo os tempos de agora
Recriei uma saudade ingrata

A uma dor que me mata
Pito com respeito e bem devagar
A amarrar a folha do palheiro
Ponho a prova meus sentimentos

Frente aos adventos
Do sagrado fogo de chão
A uma cuia com chimarrão
Contei minhas magoas e desatinos

Como outro taura malino
De revesgueio me esbarro
E amarro meus sentimentos
Em qualquer tento de palha

Avista-me da parede de costaneiras
A dias já esquecido
Meu velho violão partido
Bem ao meio por seu alambrado

Quantas lembranças desalmadas
A um velho taura sulino
Das tardes em vespertino
Que amadureceram com o tempo

Rompe o anoitecer no pago
E permaneço solito no galpão
A escuridão que me ronda
Não invade este sagrado chão

A lenha não se acaba
Quanto maior o clarão
Mais meu coração se aquecia
A entrar uma noite fria

A lembrança de uma guria
Pra um pachola redentor
Tem a sina de cuida dor
E a saudade como companheira

Cuido por uma vida um fogo
Que sempre me aquecera
Que aqui sempre estará
Cuidando deste pago

Falta no peito o afago
Da prenda que não esqueci
Acha que já a perdi
Por algum atalho tomado

Ficando eu, mal domado
A cabresto, sem espora
Sem mais alguma demora
Sorvo um novo amargo

E permaneço solito
Até quando Deus quiser
Se vier uma companheira
Agradecerei ao infinito

Se não vier, permanecerei aqui
Um eterno cuida dor do fogo
Pitando um fumo novo
Sorvendo o amargo de sempre.

Diôzer R. Dias

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O DESAFIO DOS 7

7 coisas que eu tenho que fazer antes de morrer:
- escrever um livro;
- casar;
- educar/criar dois filhos;
- aprender japonês/chinês;
- conhecer melhor o Brasil;
- ensinar a alguém os valores que aprendi;
- deixar ao menos uma pessoa pensando sempre em mim.

7 coisas que eu mais digo:
- Diôzer (tenho que repetir várias vezes no dia e4)
- bah!!!
- entendeu?!
- tchê!
- eai!
- loco.... - hehaehe
- “a verdade – sempre”

7 coisas que eu faço bem:
- ensinar;
- resolver problemas;
- trabalhar sob pressão;
- pressionar;
- cuidar;
- dividir as coisas/assuntos;
- dançar.

7 defeitos meus:
- não esconder os problemas;
- querer sempre ajudar;
- fazer além do que é esperado;
- esperar/querer muito dos outros;
- não saber mentir;
- querer sempre mais e mais;
- não cuidar da saúde como deveria!

7 coisas que eu amo:
- família;
- profissão;
- amigos;
- dançar;
- ajudar;
- aprender;
- viver.

7 qualidades:
- prefiro
- que
- me
- conheçam
- e respondam
- essa
- questão J.

7 pessoas para fazer esse jogo:
- posso indicar,
- mas quem gostar,
- sinta-se a vontade
- para compartilhar
- um pouco
- de sua vida
- com os amigos.

Vlw Juh!! bjão!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

UM ALGUEM

Eram dois corações a se enrolar
Talvez duas flores a se entrelaçar
Quando do auto de um sorriso viu brotar
Uma bela flor no rosto a desabrochar

Leva a alma em seu olhar
A calma e a bravura do vento ao falar
Traz consigo uma meninice a imaginar
O que o coração quer, é se apaixonar

A tua boca aguça meu paladar
Com um sabor que se sente e se faz respeitar
E quando meus lábios procuram tocar
Os lábios teus permanecem a soprar

Vejo em teus olhos um brilho a incrustar
Minhas vontades permanecem a trançar
Nossas vidas puras que continuam a sonhar
Com um ontem que teima em voltar

Tua pele rosada fica a me provocar
Quando de um gesto a exalar
Provas de que um dia vai me dar
Algo, que ainda precisa me provar

Preciso do teu abraço para me inundar
Carinhos e afetos quero contigo trocar
E um sentimento tardio tento mudar
Ao ver que estou a te incomodar

Eu não consigo parar
De, da tua pessoa falar
Como um laço a rodear
Fico em tua volta a andar

Segura uma flor a brilhar
Querendo pra o mundo gritar
Quem quiser em seus pensamentos nadar
Vai ter que aprender a te amar.

Diôzer R. Dias

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

FELICIDADE

Palavra sublime entre as demais
Perante os desiguais preconceitos
Que assolam a vivencia de nossos dias
Que a dias não são tão nossos.

Amiga inseparável da alegria
Busca na inconstância de atos
E de fatos aos quais se orgulha muito
Um mundo só seu eu meio a nós.

Vem de um sorriso de criança
A marca de uma esperança
Que desconhece a idade e alcança
A dádiva de mais uma herança.

Rumada a caminhos de louvor
Não tem medo de se perder
Por amor quem nessa eterna magia
E na alegria se envolver.

É uma senhora de muitos anos
De poucos planos, apenas vive
A dona Felicidade a nos rodear
Por tempos perto, por tempos longe.

Infinita como o horizonte
A donzela da prosperidade
Passa a eternidade aqui
Bem dentro de nós.

E como se não fosse capaz de escapar
De seus corações infindos
Vive a marcar profundamente
O meu coração, e o de tanta gente.

Diôzer R. Dias

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O QUE A DISTANCIA ME TRAZ

O segredo que buscamos encontrar
É uma maneira certa de amar
Com as revelações do destino
Que aguçam nossa imaginação

Eu sobrevivo do som
Do pulsar de teu coração
Bebo por magoado
As lágrimas de emoção

Dos momentos que vivi
Dos sonhos que ainda fracos
São tantos em momentos raros
Que crescem a cada nova lua

Sei bem dos momentos que falo
Juntados a pedaços no chão
De um quarto vazio assim
São os pedaços de minha paixão

Minha alma procura teu semblante
Quero ser teu amante a todo momento
Quero ser teu abraço ao relento
Ter teu pensamento nesse instante

Diôzer R. Dias

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

PEALADA

Apartaram um novilho
Bem gordo já quase touro
Amadrinhando o baio mouro
Que por novo não teve filho.

Seguirão pelando
Rumando o mangueirão
Como entoada perfeita
Batendo os cascos no chão.

O novilho enxergando a morte
Entre as taboas da mangueira
Se alvorotou levantando poeira
Trocando dia por noite.

E entre gritos e açoite
A martelada era certeira
Uma pealada por inteira
E o potro poi-se a dormir.

A peonada deu por encerrada
Uma pealada assistida
Antes da faca ser enterrada
Um novilho, um upa e a partida.

Um grito ao longe ecoou
A moça estava em perigo
A pealada não era perfeita
Mas o susto logo calou.

Um laço surgido ao horizonte
Como armada pra rodeio
O novilho virou num monte
Caído embolado campo fora.

Na outra ponta do laço
Pés bem cravados no chão
Esticada a cana do braço
Seu peão a moça avistou.

Morreu virado pra o norte
Um novilho já quase touro
Um peão sem medo da morte
A moça levou no mouro.

Diôzer R. Dias

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

MATEADA NO JUVENCIO

Vim me chegando a trote no rancho do Juvêncio
Enquanto o pala da noite num pealo se deitava
Como se desse um ultimo grito de boa noite
O sol se esconde por debaixo da ramada

Ao longe a cuscada alvorotada, recebia, eu e o pingo
Que vinha faceiro, cola erguida, bem trançada
E num relincho dava boa noite a peonada
Que ao pé dum fogo de chão, proseava no galpão

O Juvêncio que é de confiança, e acredita muito no Patrão do Céu
Me grito de longico: -“Vem se achegando guri,
o fogo já ta em brasa e o mate ta quase quente.
Chega no galpão e mateia com a gente”.

É coisa linda vê o entrevero no galpão
Aquele céu de madeira tapado de picumã
Que vem de um fogo de chão
Nos formando uma clareira igual ao sol da manha

A cuia com sua infusão, vagarosamente,
Passando de mão em mão, num ritual que é tradição
Passado de geração em geração
Que muito retrata os costumes da nossa gente

A amizade e o respeito, entre os de poucas primaveras
Que escutam calmos e atentos, tudo o que falam
Aqueles que conhecem bem, todas as estações
São causos e contos ilustrados nas taperas

Noite de mateada no Juvêncio se resolvemos parar
E ouvir as indiadas do Cadencio
Não se vê o tempo passa, e como passa
Até parece que esse tal tempo criou assas

Mas acho que já é demanhãzinha, o galo canto
E o sol sem dó vem paleteando quem dormiu
Talvez por ta parado encostado num canto
Se assim escolheu passar a vida

É hora de lida, um banho de sanga
Um ultimo gole do amargo. E fica a saudade,
Mas em forma de alegria pra o Juvêncio
Que arregaça as mangas pra mais um dia

Buenas seu Juvêncio
Eu to encostado no pingo, e o pingo qué o rancho
Até a próxima mateada
E que o Patrão Celeste permaneça a seu lado.

Diôzer R. Dias

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

QUANDO CHOVE

Oh chuva que chora por mim
Por uma paixão que não tem fim
Largado como um pingo desgarrado
Começa a chorar o coração apaixonado.

Chove, chuva sincera e gelada
Leva embora as magoas de minha amada
Pra bem longe desta estância
Vai, vai pra uma longa distancia.

Ouço as goteiras a chorarem
Teu nome alto gritarem
Quando as nuvens do céu
Envolvem teu rosto em um véu.

Vira teu rumo chuva nobre
E leva este coração pobre
Pra junto daquela prendinha
Que ainda sonho um dia ser minha.

A chuva acalma o coração
Amadrinhada por algum trovão
Firme e alta lembra a tua voz
E eu continuo aqui, a sós.

A chuva calma transformou em aguaceiro
O meu pequeno coração caborteiro
Que até então indomado
Sentiu-se pela primeira vez maneado.

Peço-te chuva desgarrada
Leva esse recado pra minha amada
Que se foi pra longe de mim
Acreditando a nossa história ter fim.

Mostra pra ela tempo molhado
Que meu coração foi amarrado
Mesmo em tempo frio
Lembro tua voz num assobio.

Chuva de verão ligeira
Mostra pra essa caborteira
Que meu coração tem uma cancela
Com um segredo que é só dela.

Para chuva umedecida
To com saudade da minha querida
Deixa o sol brilhar forte
E me trazer um pouco de sorte.

Vento que me ajuda a levar esse recado
Leva essas nuvens pra outro lado
Que pra meu coração magoado
Esse tempo é só mais um fardo.

Passa chuva por favor
E leva junto essa dor
Chuva, até posso estar errado
Só sei, que estou apaixonado.

Diôzer R. Dias

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

MUSIQUEIRO

O musiqueiro acordou inspirando
Mirando dois olhos cor da noite
Em meio a esse emaranhado
Suas palavras eram ladeadas pela dor

Aqueles teus cabelos morena
Com a pele em tom de cuia
Tão macios como noite serena
Inspiram deste poeta o dom

Mas musiqueiro te apruma
Não te achega por capricho
Vai devagarito, te arruma
Que hoje é noite de cambicho

Mas musiqueiro, um olhar calmo
É o que busca esta pinguancha
Te puxa a palmo e meio
Mas segue pedindo cancha

Troca passos num entrevero
Bem pilchado a capricho
Mais uma marca seu gaiteiro
Quero dançar tipo bicho

A bombacha embalava o vestido
Minha prenda ia a meia marca
E eu num cochicho ao pé do ouvido
Tenteando uma noite de carinhos

Não destruo ninhos nem pelejo a toa
Fixei o grão dos olhos nela
Uma china já meio coroa
De nome repuxado, Carmélia.

Dançava como flutuando
Diante deste guasca
Usava de recursos a morena
A uma noite tão pequena

Mirando a imensidão
Deste mundão de Deus
Percebemos as diferenças
Num alarido de baitas

Largamos um pra cada lado
Mas deixei o baile ainda inteiro
Sonhando musiqueiro, com a pele,
O cabelo e os olhos da morena.

Diôzer R. Dias

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

EM VOZ ROUCA

Parece que o alambrado
Das seis cordas do pinho
Relembra um tempo passado
Vindo ao encontro o menino.

Parece que o alambrado
Me leva pra outro tempo
Revendo os tons da existência
Em acordes soltos ao vento.

-Uma milonga em voz rouca
E um sentimento absurdo
Envolto por dons de campanha
Me fazem sonhar com meu mundo.

Ah que sina mais louca
O pensamento do peão
Quando escuta o coração
O que lhes dizem, os ouvidos.

Parece que esse alambrado
Trabalhado pelos dedos
Me leva ao meu passado
Prendendo meus sentimentos.

Diôzer R. Dias / Diogo R. Dias

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

VOTAR OU NÃO!? EIS A INDECISÃO

         
A maior contradição da democracia brasileira (se é que existe realmente uma), em termos entende-se pela correta escolha dos “comandantes do estado maior”, pessoas as quais, com o único papel de representantes da maioria absoluta da população, hoje não mais o fazem, simplesmente cultivam seus pré-conceitos sobre assuntos dos quais são instigados a abandonarem por ideologias de partidos mil, não se sabe ao certo as razões e motivos, eles (a) simplesmente seguem as regras, o espaço para quem as descumpre é amplo, a rua. Votamos talvez pela obrigação e a pressão externa que nos demonstra na maioria das vezes as facetas de protestarmos não votando ou ignorando esse direito, porém, algumas consciências ainda funcionam, e é com esse intuito, buscando a vontade e a certeza (mesmo em sonhos) de mudanças que muitos brasileiros a cada dois anos dedicam parte de seu tempo a estudar propostas (mesmo que muitos depois da ação de votar, esqueçam em quem depositaram sua confiança), prefiro acreditar que nós Brasileiros, preocupados com a continuidade dessa “Terra Prometida Por Deus” - como já dizia algum navegador – e não apenas teclem números, mas demonstrem o respeito por este ato. A obrigatoriedade de uma escolha complicada é privilégio de muitos e levado a sério por poucos, visto que mesmo sendo obrigatório, muitos desrespeitam mais esta lei de suma importância, a obrigatoriedade extingue a democracia, porém se faz necessária. A imponência do governo, inibe muitos, enquadra todos em um mesmo patamar, diferenciando apenas os candidatos, que muitas vezes parecem implorar por votos, sou adepto a livre escolha, discuto, debato e argumento com amigos e conhecidos para que façam o mesmo que eu, votem conscientemente e cobrem após os resultados.
Diôzer R. Dias

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

77 COISAS EM VOCÊ

Não gosto de algumas situações tuas
Não consigo te ver com alguns amigos
Não deixo de ter ciúme de você
Não consigo aceitar que podemos não mais nos ver
Não gosto de algumas palavras que usa
Não gosto da maneira como foge do mundo
Não gosto de tuas intrigas. Porém:

Gosto do seu sorriso
De como prende o cabelo
Das curvas do seu rosto
Da maneira que fala
Do modo que suspira
Das manias que tem
Do que já conheço

Do que ainda não vi
Das expressões que faz
Da seriedade da profissional que és
Da segurança que tem ao falar
Do medo que demonstra
Dos sonhos que tem
Das fotos que tira

Dos textos que escreve
Da força que acumulou
Da menina que ainda guarda
Da meiguice que tens
Do amor que sente
Dos desejos escondidos
Das palavras que afloram

Das roupas que veste
Das musicas que ouve
Da maneira que dança
Do gosto pelas paisagens
Das comparações com a lua
Da sinceridade
Da seriedade

Da humildade
Da responsabilidade
Da lealdade
Da ternura que ainda guarda
Do respeito pelo mundo
Do carinho pelos amigos
Do amor pela família

Da maneira de andar
Das caras que faz quando esta braba
De como fica mansinha
Do lado que gosta de ser acompanhada
De como gosta de fotos
Do companheirismo
De poder dividir as angustias e alegrias

De segurar minhas lágrimas
De esconder o que sente
De ter aprendido a esperar
De saber respeitar as decisões
De ter mudado
De estar evoluindo
De confiar em mim

Do teu cheiro
Da tua cor
Da maciez de teus lábios
Da delicadeza de tuas mãos
Do brilho no olhar
Do gosto por desafios
De querer uma vida agitada

De me compreender
De me aceitar como sou
De ouvir minhas paranóias
De corrigir meus erros
De apontar meus defeitos
De me criticar quando necessário
De se abrir para mim

De ter aceitado o destino
De saber lidar com pressão
De respeitar meu tempo
De lutar pelos seus sonhos
De como cuida dos outros
Da maneira que amadureceu
De ter guardado uma paixão.
Diôzer R. Dias

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

ESCAPOU POR ENTRE OS DEDOS


Tenho que confessar, sempre vivi rodeado de segredos, mesmo sabendo que isso não poderia ser muito bom. Revivi por várias vezes o mesmo momento a mesma angustia as mesmas sensações que somente uma pessoa nas minhas condições poderia sentir.
Ninguém imaginava, eu sempre menti muito bem, alguns segredinhos como dizia minha mãe, nem mesmo os contava a meus amigos, de formas abstratas maquiava meu rosto, minha alma, minha vida. Na escuridão dos pensamentos vivia, ou ao menos acreditava que fazia isso, nunca me arrependi do que escondi, acho que já é chegada a hora deles virem a tona.
Sem coragem para tal eu fugi mais uma vez, dias e dias se passaram longe de casa, mais uma vez meus segredos foram aumentando quando voltei, uma ida sem fim, meu pai sempre dizia que mentira tem perna curta, hoje sei bem como é isso. Desde a primeira vez que comecei, a primeira enganação, se passaram apenas oito messes, será realmente que o que fiz foi bom?
Olhando hoje onde estou vejo que não, se arrependimento matasse, eu já não estaria mais aqui. Pela experiência aprendi que não existe mentira perfeita, primeiro meus amigos conheceram um de meus segredos, mas quando isso aconteceu, já era, eu já não tinha mais volta, as opções de continuar eram muitas, as de parar, nenhuma a meu ver.
Tudo começou com apenas uma prova, em casa menti com medo da represália, depois mais uma, e mais duas e dai era eu quem pedia, estava alucinado, de certa forma até apaixonado pelo “presente” que eu mesmo me dava já quase todos os dias. Certo dia não era mais o que eu queria, mudei, para pior, meus presentes cada vez mais caros me levaram ao primeiro furto em casa. Um momento mágico, até passar a euforia, o choro de minha mãe não conteve minhas lágrimas, mas segurei-me e não contei nada a ninguém, fingi mais uma vez.
Quando meus pais já não sabiam mais o que fazer eu decidi, era ora, então, abrirei mão de todos os meus segredos agora, não preciso de outra mentira perfeita cheia de imperfeições e de lacunas somente preenchidas por corpos frios. Depois do ultimo roubo e da ultimo presente, cheguei em casa como já era de costume nos últimos seis meses as 4h da manha, não esperei e chamei meus pais, mal sabia eu que havia sido acompanhado até em casa. Fiquei muito angustiado por acorda-los, mas precisava, assustados eles me acolheram mais uma vez.
Contei do meu primeiro cigarro, da primeira carreira de pó, do primeiro roubo para a compra de uma pedrinha que acabou com a minha vida, e foi por ela que comecei a roubar, por uma pequena pedra de crack. Abismados com as declarações meus pais não me perdoaram, eu não esperava menos, porém, já era portador além de um vicio mortal, de uma divida em mesma escala, com duas opções, ou pagar, ou morrer.
Minha mãe desmaia com as noticias, meu pai chora sem limites, e eu, já sem sentimentos, apenas fiquei calado ouvindo e vendo uma cena incomum na família de um garoto exemplar de dezessete anos.
Sei que minha vida me escapou por entre os dedos por uma escolha em partes por mim. Algo bate a porta, o sol ainda não havia raiado, meu pai nem conseguia se mexer, fui ao encontro da porta sem reação alguma, e abri. Vinham cobrar minha divida, mesmo sem dinheiro e sem noção de como conseguiria, falei a verdade, abrindo mão de tudo o que havia escondido, inclusive da minha vida, todos ouviram, mesmo de armas em punho deixaram eu falar.
Nem bem acabei, ouço uma voz perguntando do dinheiro, meu pai saltou oferecendo a casa, o carro, as joias de minha mãe que em poucos minutos atrás estava recuperando a consciência. Uma resposta negativa e agressiva foi o que ouvi, um engatilhar da arma de algum deles, e uma ultima voz pedindo, ou o dinheiro, ou uma vida. Negativamente respondi com a cabeça, e antes de ouvir o disparo, ouvi um grito de “te amo meu filho”, abafado pelo som do projetil vindo em minha direção e perfurando o corpo de meu pai.
A pior cena de minha vida, um corpo quente se tornando frio da pessoa que mais me amou, a frieza de quatro homens de preto saindo calmamente de minha casa e minha mãe agora bem acordada, chorando e me culpando por tudo. Apesar da vergonha eu enterrei meu pai, luto ainda contra um vicio que matou meu pai assim como muitas pessoas neste mundão de Deus .
Espero que minhas palavras e minha experiência desnecessária abram os olhos e mostre o caminho, que seja para apenas uma pessoa, mas que faça.
Algumas memórias de Antonio Prado Guerra, 18 anos.
Paciente do Sanatório Santa Tereza – 25/12/2009

Diôzer R. Dias

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

20 DE MARÇO


Era mês de março


Diôzer R. Dias / Juliane Bastos

Estava tudo planejado
Final de semana, rodeio
Tudo tão desejado.

Amigos, acampamento
Festas, bebidas e danças.
Estava tudo pronto
Pra começar as festanças.

Em uma tarde de sol
Ao longe eu avistei
Dois seres estranhos
Um deles eu gritei.

Rápido veio eles
Felizes a nos cumprimentar
Um era amigo de pouco tempo
O outro não consegui lembrar.

Falamos bobagens e rimos
E eles com algo na mão
Ofereceram a todos
E ninguém disse não.

Foram conversas sem sentido
Todos feitos loucos
Uma tarde diferente
5 amigos e um côco.

A conversa foi longe
E ninguém mais apareceu
Combinamos a noite
Que logo nasceu.

Tudo tem seu momento certo
Enquanto um não parava de falar
O outro de longe observava tudo
Então assim eu fui me apresentar.

Foram momentos marcantes
Naquele clima gostoso
Histórias engraçadas
Planos de se ver de novo.

Tornou-se algo inesquecível
Em uma tarde de sábado
Na despedida um até mais
E o gosto do inacabado.

A noite que chegou depressa
Trouxe à tona as imagens
Meio destorcidas
Com as brincadeiras e sacanagens

Entre uma dança ou duas
Uma nova despedida
Teria de recolher as coisas suas
Em um acampamento a revés

Voltaram de solavanco
Os dois seres diferentes
Um sempre a mostrar os dentes
E outro a conversar com os olhos

A amizade tomava conta
Sem o ímpeto de mais
Uma brincadeira como afronta
Foram abrindo baile os casais

Entre um carro e outro
Uma musica e outra
Trocando de pares
Com amizade, nada de afronta

Na penumbra da noite
Um beijo roubado
O som externo abafado
Pela atração no olhar

Ninguém sabe de quem partiu
Só sabe-se que aconteceu
Nos dois o mesmo arrepio
E um gosto de quero mais

O tempo parecia fugir
Por entre os dedos a agir
Com destreza, sem preocupações
Procurando sempre mais

Mais um abraço,
Mais um afago,
Mais um beijo
Mais e mais desejos.

Deixados entre ramos de flores
Os espinhos de saudades
Em meio a palavras e verdades
Para nunca ouvir um adeus.

CONFISSÕES A UM PAYSANO

Paysano! Pode olhar, é contigo mesmo
Quero lhe contar que há tempos
Venho rengueando, andando a esmo
Largado a vida, seguindo o vento.

Andando em lugares sombrios, gelados
Sem pala, chalé, ou... qualquer abrigo
Recebendo apenas mates muito amargos
E acolhido por poucos amigos.

Paysano! Venho de longe a buscar
Algo que não sei bem o que é
Talvez isso eu até possa comprar
Não sei se com dinheiro ou com fé.

Mas posso dizer dom toda certeza
De que busco algo muito importante
Sem valor e de imensa beleza
Busco uma amizade verdadeira e confiante.

Paysano! Sinceramente!
Eu achei que era fácil
Lidar com essa tal “GENTE”
Nesse mundo tão pequeno.

Dizia meu avô que esteve
Veja você, no desfeche de 45
Que muitas amizades obteve
E ainda hoje as mantém a finco.

Paysano! Me espelho em ti
Que passou a vida a sorrir
Desde os tempos de guri
Sorria até pra num truco mentir.

Você bem sabe que nesses dias
Sombrios em que estamos vivendo
Peleamos de peito aberto, a la cria
Só pra vê os guri crescendo.

Paysano! Ainda cevo mate
Pra um amigo sincero e leal
Eu servir no arremate
Enquanto desencilha o bagual.

Pode juntar os arreios aqui
Que eu também vou me chegando...
Meio pra aquele lado ali
E ouvir mais de perto o quero-quero cantar.

Paysano! Agora meu dia clareia
Por tuas histórias de esporas
E bolhadeiras, e da tua peleia
Que vem de horas e horas.

Ainda não sei teu nome
Deve ser mui estranho
Quem dirá o sobrenome
Mas teu respeito é de imenso tamanho.

Paysano! Pode olhar é contigo mesmo
Encontrado e vivendo um novo tempo
Hoje não mais ando a esmo
Já tenho amigos que vão e vem com o vento.

Mas um com a tua destreza
Ainda estou por conhecer
O que buscava? Encontrei com certeza!
Porém ainda busco mais, e um dia vou ter.

Diôzer R. Dias

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A TAL ESTAÇÃO


Encontra-se mais uma vez a menina de cabelos quase claros, em meio a suas flores prediletas, a estação mais próspera e saudosa do ano em sua opinião. O que poderia explicar ela sobre tal sentimento ao abrir seus olhos em uma bela manha de primavera e ver a seu redor o florescer de suas belas “flores de ouro” as quais eram a inveja de seus cabelos ao tocá-las perante o sol.
Estonteante era o perfume exalado pelas musas da estação, um cheiro em forma de sabor que deixava vagando a procurar de onde vinham, as duas meninas existentes há 20 anos em seus olhos. Somente mais uma, e esguia, porém bela moça, completaria suas vinte e uma primaveras, data esta, esperada há anos por um coração ao qual de alegrias e boas lembranças, pode apenas recolher dos momentos em que, sentada sobre o extenso gramado verde, agora mesclado de dourado, no seu parque predileto, no centro da pequena cidade onde viverá durante seus últimos 8 anos.
O belo parque de seus sonhos, rodeado de gira-sois e margaridas, sentada sobre o tapete verde, viajava em seu mundo de sonhos ao inalar o perfume de qualquer que fosse de suas flores, e no ímpeto do momento, expulsava uma única lágrima, misto de alegria e dor, por saber que aqueles dias se acabarão logo, mas com a esperança de poder ver a estação das flores do próximo ano.

Diôzer R. Dias

terça-feira, 7 de setembro de 2010

EM UMA SEXTA-FEIRA CINZENTA

Eu imaginava, quando lhe encontrei pela primeira vez, ainda lembro, aquele 05 de junho de 2009, um dia frio e cinzento. Eu necessitava de algo para me esquentar, fui até o café da esquina, já batiam mais de 17h25min e meu estomago teimava em pedir-me mais um chocolate-quente (por regalia talvez), era o costume, todo fim de tarde de sexta feira o bom e quentinho copo de chocolate-quente.
A duas quadras de onde me encontrava e a menos de uma da cafeteria, não pude deixar de notar a conversa de duas pessoas, uma bem brasileira, outra, um tanto castelhana, ou “hermana” como diriam alguns amigos meus. Aquele sotaque inebriou meus sentimentos, a bebida agora estava em segundo lugar, desacelerei um passo apressado e repetido, parei-me a notar os detalhes das vitrines ao redor dela, só como mera desculpa de uma vagarosa aproximação.
Há tempos não sentia uma atração profunda por uma moça de seus 21 anos, com ares de menina, descobrindo os segredos do país visinho, já sabia muito de sua vida em uns 05 ou 07min que fiquei a escutá-las. No impulso da coragem e do medo de nunca mais a vê-la, cheguei, um coração batendo forte acelerado, como se a precisar de adrenalina para continuar vivo, apresentei-me com toda a educação possível, um nome em partes fácil para ela, Diego Garcia de Moraes, e ela a um meio sorriso tímido, sussurrou um nome que eu nunca mais poderia esquecer, Adrianyta Gonssales Dias, ainda hoje devo desculpas a amiga dela, da qual, não me recordo o nome.
Adry, como gostava de ser chamada, mora em La Palma no Panamá, e eu, mero “gauchito” do interior do RS, apenas podia permanecer ali, estagnado perante a voz e as histórias de viagem de Adry. Duas culturas distintas e duas famílias tradicionais, durante umas três semanas se bem me recordo, continuamos a nos encontrar no mesmo local, a amida dela já não ia junto, talvez pela forma com a qual fosse deixada de lado, abandonada pela conversa de dois novos e loucos apaixonados.
Recebemos a notícia que em três dias a família dela iria voltar para o Panamá, lugar tão longe que eu nem conseguia distinguir no mapa onde pudera ser, porém, permaneceram as promessas e os desejos de um breve reencontro, o qual, segundo nossa imaginação seria simples, mal sabíamos nós que a beleza dos momentos vividos até então estavam acabando em uma velocidade sem condições de ser explicada. Aprendi nesse momento o quanto vale 01min ao lado de quem se ama, apesar de não ter dito belas palavras a moça de sotaque castelhano, contive-me em olhar bem para ela, dentro das duas meninas que a acompanham desde que a este mundo veio, e deixar claro meus sentimentos.
Adry se foi, e com ela começaram as cartas, os e-mails, as fotos, as declarações, mas o tempo é um amigo fiel, e um inimigo traiçoeiro, em uma das fotos recebidas por ela, percebi ao fundo um homem, não poderia ser um amigo, pois pude notar que ele estava bem à-vontade em um dos cômodos da casa, o qual ela mesma havia dito que somente as amigas intimas poderiam freqüentar e que eu, provavelmente só o conheceria por foto, entendi o que estava acontecendo, depois de um ano a espera dela, desisti de tudo.
Hoje, falta um mês para meu casamento e mesmo assim a saudade me manda enviar um convite e uma foto nossa ao endereço que tenho ainda guardado, enviei, uma carta ao Panamá que só chegará lá em 15 dias. É chegada a hora, dia 17 de setembro de 2010, dia de meu casamento com Anelise. Em torno de 4h antes, recebo uma carta, é de Adry, reluto em abri-la mas a lágrima que cai sobre a carta, de certa forma faz com que ela se descole um pouco, ao abri-la apenas vejo pedidos de desculpas, aquela foto que fez com que eu a deixa-se e o nome do homem próximo a ela, era Marcal Gonssales Dias, seu irmão, a raiva não me deixava raciocinar direito, por que ela não havia me contado?
O choro fino, de duas damas talvez, retorceu meu rosto para a porta, estavam lá, Anelise e Adrianyta, minha noiva não fazia um gesto que fosse e Adry pediu que eu continuasse a ler a carta que ela havia enviado com a foto, que provavelmente eu não terminei de ler na época, depois de alguns instantes procurando encontrei, a última frase dizia, em português para a minha surpresa: “Eu queria que você estivesse aqui comigo, mas estamos presos onde estamos, é tão difícil, você está tão longe, meus pais o convidaram para vir morar aqui, desde que você case comigo, meu irmão está aqui me ajudando a reorganizar o quarto para nós dois. Você aceita?".
Sem respostas e já chorando muito, pedi desculpas a Anelise e a Adry, minha noiva me devolveu o anel, e engolindo as lágrimas pediu para que eu fosse muito feliz com ela, e que a convidasse para o nosso casamento. Só pude dizer a Adry:
-Agora não estamos mais longe. Enfim, poderemos nos ver todos os dias. Se for para ficar ao lado de alguém para o resto da vida, ou preso como alguns amigos dizem, que seja com você. Desculpa meu amor.
Senti novamente o sabor daqueles lábios que nunca saíram da minha memória, e voltei a sorrir e a me apaixonar a cada dia, lembrando que tudo começou em uma sexta-feira cinzenta de Junho.

Diôzer R. Dias

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

CALADO

Até penso em dizer que te quero
Mas me falta coragem
Quando digo que tens que esperar
Sou um rosto com maquiagem

Tenho é medo de te perder
Por erros à toa
Tenho medo é de te machucar
E não ficar numa boa

Mas o que quero é dizer
Que estou cansado
De ficar longe de você
Preciso me sentir abraçado

Tenho que te buscar
Chamar tua atenção
Arrumar uma maneira
De ganhar teu coração
Tenho que brincar
De cuidar dos sentimentos
Parar de chorar
E guardar essa paixão

Não vou errar e dizer adeus
Apenas um breve até mais
Cuidando as aparências
Pra que meu coração não sofra mais

Ainda não sei bem
Se estou amando
O que não posso é ficar aqui
Calado e reclamando.

Diôzer R. Dias

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

ATRAVES DELA EU TE ENCONTRO

Olho pela janela buscando os olhos teus
Um reflexo traz algo, mas são os olhos meus
Busco te encontrar através do brilho das estrelas
Mas quanto mais imagino, mais sofro ao vê-las.

Piscam as estrelas conforme bate meu coração
É indomado e carente até então
Bate forte quanto mais penso naquele alguém
Mais forte bate ao lembrar que hoje sou ninguém

Tornei-me um ninguém nesse mundo de tantos
Trancado em meu quarto vejo-me aos prantos
Ao lembrar o que fizeram com nossos sentimentos
E ver que não pensaram em nossos momentos

Que foram profundos e eternos sonhadores
Busco um regalo da noite, inspiração para os amores
Sem perceber a noite me leva mais uma vez
A escrever sobre o que um alguém desfez

A noite é a inspiração dos poetas
É a musa que acompanha os profetas
É a minha dama que aparece iluminada
É a amiga que dos meus segredos, não conta nada

Torno-me escravo das estrelas cadentes
Sou gaudério apaixonado de coração incandescente
Buscando apenas no aconchego da noite fria
Um abraço apertado daquela guria

Noite que protege os amantes
Ilumina o caminho deste gaudério andante
Pois um dia ele cria coragem
E vai buscar ela mesmo em longa viagem

Vejo através dos quadros desenhados
Que emolduram a janela, bem traçados
O teu nome escrito entre as constelações
E viajo a imaginar-te nessas imensidões

Mesmo que estejas rodeada de nuvens escuras
Ou iluminada por trovoadas duras
Tu sempre serás a minha inspiração
Noite bela que me toca ao coração

Minha janela parece me fazer perceber
Que mesmo e buscando o saber
Tu nunca me revelarás toda a verdade
Mas te reverencio noite, sem maldade

O vidro da janela torna-se espelho
Quando o sentimento quase parelho
As inquietudes de uma vaga alma
Me fazem por um momento perder a calma

Irritado fico quando não a tenho
Busco nos céus apenas o desenho
De teu rosto emoldurado entre as estrelas
Dos quadros da janela que me deixam vê-las

O negro céu por mais escuro que esteja
Nunca conta-me quem me deseja
Por mais ímpeto que pareça
Ele apenas me diz: “esqueça”

Não acredito em acordes mal tocados
Pelos raros boêmios iluminados
Por algum candeeiro ou lampião
Vivem a tocar o que lhes toca o coração

Sempre que tu vens noite fria
Mesmo apesar de estar sombria
Eu te venero pelo teu poder
Compondo algumas palavras de meu ser

Uso o tracejado de tuas estrelas tantas
Como linhas para uma frase que me encantas
E escrevo mais e mais sem rumo certo
Querendo apenas um alguém por perto

Ah noite, se tu falasse por tua voz
Talvez hoje eu não estaria a sós
Com pensamentos em vezes vazios
E redigindo meus pensamentos frios

A tua madrugada que me embala
É a mesma rasgada a bala
Que minha alma sente
A maldade no coração dessa gente

Te vejo entre quadros pequenos
Noite que ofusca os venenos
E os transforma em textos altivos
Continuando assim, alguns poetas vivos.
Diôzer R. Dias

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

MOCIDADE

Pouca maquiagem e muita esperança
Em dois olhos não mais de criança
Que miram de longe seu objetivo
Algum sonho talvez, ainda não vivido

Não tem as rugas de idade e expressão
Mas conserva na imensidão de seus sonhos
A imagem do que mais lhe atrai
A lembrança fiel de sua mãe e seu pai

Não usa jóias pois concorrem com seu olhar
Paro-me a lhe imaginar, olhos bem abertos
Sorriso ainda acanhado sem rumos certos
Somente sonhando com os desafios da vida

Morde os lábios no ímpeto do desejo
Talvez busque do príncipe um beijo
Talvez esteja somente a esperar
Um alguém que de longe venha a lhe abraçar

Destaca nos olhos sua força maior
Ao respirar, seu dom de sonhar
Solta o cabelo pois ainda esta a procura
Assim, solta ao vento sem muita loucura

Combina seus ares as cores dos mares
São tons de ilusão que se perdem a imensidão
Destaca no rosar das maças do rosto
A delicadeza de uma pele ao exposto

Quer ser apenas ela em todos os momentos
Apesar dos adventos que a vida traz
Deixados bem pra traz, hoje é só passado
Mas sabe bem que eles ainda vem

Cabelos negros como a cor da noite
Buscam desviar os caminhos de dor
Iluminados por um sorriso que vive a andar
Amarrados pela esperança que não deixa cansar .
Diôzer R. Dias

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

PRIMEIRO DOMINGO

Vinha eu certa noite
A pacito pela estrada afora
Com meu companheiro de andanças
Um tordilho das patas mansas
Que ganhei da dona Aurora.

De relance entre o mato
Vi um lusco-fusco de candeeiro
Que brilhava mais que olho de gato
E eu, eu que sou loco por entrevero
Me larguei a trote pro candeeiro.

De longe se via uns índio
Acho que tavam lá de sentinela
De lança na canhota,
Adaga e faca na cintura
Cuidando quem pulava a janela.

Apeei do tordilho
Já meio encarando os índio grosso
Atei meu pingo perto da porta
Sem da nó de muita volta
Só pro causo dum alvoroço.

Já na portaria do baile
Vi que os índio eram filho do patrão
Chinaredo se alvorotando
Vinham meio se piscando
Pra volta dos peão.

E o gaiteiro era xucro
Tentava se entender com a oito baixo
Vinha puxando o barbicacho
Pra não se enreda no fole
E do copo de samba, puxava mais uns gole.

Fui me chegando pro bulicho
Pois de longe vi uma prenda me espiando
Sem pensar muito no que podia acontecer
Chamei ela no cuchicho
E de longe ouvi o gaiteiro gritando.

Pois amigos lhes digo
Tava em pago desconhecido
Então achei que o causo era comigo
“essa é pra quem quer se enrabixa”
Disse o gaiteiro num sopro.

Já fui puxando a percanta
Bem pro meio da sala
Mas que china que se embala
Quando se põe a dança bugio
Bailemo duas ou três e já apagaram os pavio.

Tavam aprumando os candeeiro
E eu me larguei do entrevero
Meio cuchichando pra china
“vo saindo com meu pingo
Mas te encontro no outro domingo”.

Diôzer R. Dias

- Direitos:

Todos os textos/frases/mensagens/palavras/etc..., aqui postados são de autoria de Diôzer Rodrigues Dias, as imagens utilizadas foram retiradas através de site de busca na internet. Todo e qualquer artigo literário que venha a ser utilizado neste Blog levará como rodapé sua autoria.

Sem mais, espero que gostem da leitura e aproveitem bem o espaço destinado a comentários.

Att. Diôzer Rodrigues Dias.